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sábado, 28 de abril de 2012

6741.- FERNANDO ESTEVES PINTO




FERNANDO ESTEVES PINTO
Fernando Esteves Pinto nació en 1961, en Cascais. Poeta, novelista, ensayista y editor, colaboró en las páginas del Diario de Noticias y en el Jornal de Letras. Cuando contaba 29 años, fue distinguido con el premio Inasset Revelacâo de poesía, convocado por el Centro Nacional de Cultura. Años más tarde, el Instituto Portugués del Libro –organismo dependiente del Ministerio de Cultura- le concedió una beca para la creación literaria. Ya por entonces, su obra había alcanzado una gran proyección, publicada en Portugal, España y Marruecos, en cuyas revistas colabora el autor, que fue además uno de los fundadores de Sulscrito – Círculo Literario del Algarve y creador de un blog muy visitado, escritaiberica.weblog.com.pt.

Recogido en diversas antologías, es coordinador, junto a Agustín Díaz Pacheco, del libro De la saudade a la magua. Antología de relatos luso-canaria (Tenerife, 2009), donde también participa con un cuento.

Ha publicado:
- Na Escrita e no Rosto (poesia) Editora Europress
- Siete Planos Coreográficos (poesia, edição bilingue) Editora 1900, Huelva
- Ensaio Entre Portas (poesia) Editora Almargem
- Conversas Terminais (romance) Editora Campo das Letras
- Sexo Entre Mentiras (romance) Editora Leiturascom.Net



     mirada sin distancia

         ocurre que a veces el no encontrar una mirada
         que sirva de depósito para mis sentimientos
         un rostro que aguardase el tiempo oscuro de mi vida
         o un campo corporal que rescatase lo verdadero de mis actos
         escucho siempre el movimiento de alguien rastreando en mi dirección
         como si las palabras que indican sus pasos enloquecidos
         no encontrarn mi corazón

         porque hay palabras que se pierden en la forma de pensarlas
         y porque uma mirada sin distancia
         es la ceguera natural de la humanidad.




     olhar sem distância

         acontece por vezes não encontrar um olhar
         que sirva de depósito para os meus sentimentos
         um rosto que aguardasse o tempo obscuro da minha vida
         ou um campo corporal que resgatasse o que é verdade nos meus actos
         escuto sempre o movimento de alguém a rastejar na minha direção
         como se as palavras que indicam os seus passos enlouquecidos
         não encontrassem o meu coração

         porque há palavras que se perdem na forma de as pensar
         e porque um olhar sem distância
         é a cegueira natural da humanidade.





     música profética

         la escritura es un juego de precipicios
         es mi infancia en un campo de soledad
         es el miedo de dar un bello paseo a favor del tiempo
         estas palabras abren el paño de mi existencia
         me expone como si yo fuera una inscripción memorial

         marsalis es un acumulador de emociones
         escucho un sonido que viene como una ola
         la ola se prolonga además de aquello que siento
         estoy en caída libre en el horror de las palabras sufribles
         la infancia es una música profética.



     música profética

         a escrita é um jogo de precipícios
         é a minha infância num campo de solidão
         é o medo de dar um belo passeio a favor do tempo
         estas palavras abrem o pano de minha existência
         expõe-me como se eu fosse um letreiro memorial

         marsalis é um acumulador de emoções
         escuto um som que vem como uma onda
         a onda prolonga-se para além daquilo que sinto
         estou em queda livre no horror das palavras sofríveis
         a infância é uma música profética.





             

     sentir el tiempo

         escribir es sentir el tiempo
         imperdonable sobre la vida de quien piensa
         las imágenes que entran en mi casa
         son luces ambiciosas que se agotan en la razón de sentirlas
         no desconozco que hayan fuerzas que se temen
         como simplemente contemplar una idea destruida
         un bosquejo de miedo transportado hasta el límite

         el tiempo es un asunto de dios y del silencio
         así como la escritura que provoca en cada acto
         la construcción del sufrimiento.



     sentir o tempo

         escrever é sentir o tempo
         imperdoável sobre a vida de quem pensa
         as imagens que entram em minha casa
         são luzes ambiciosas que se esgotam na razão de as sentir
         não desconheço que hajam forças que se temem
         como simplesmente contemplar uma idéia destruída
         um rascunho de medo transportado até ao limite

         o tempo é um assunto de deus e do silêncio
         assim como a escrita que provoca em cada acto
         a construção do sofrimento.







     teatro

         había teatro de las manos puestas en dios
         no digo teatro para sofocar tu acto de existir
         antes glorificar la escenografía del sagrado
         tu presencia decorando lo que es verdadero

         un camino amplio se revela en ese acto
         de unir el miedo y la convicción

         en el interior de ese tiempo criminal
         ya hacía el estudio dócil de una escritura
         inocente de tu peligro abrazando una oscuridad.



     teatro

         havia o teatro das mãos postas em deus
         não digo teatro para sufocar o teu acto de existires
         antes glorifica a cenografia do sagrado
         a tua presença a decorar o que é verdadeiro

         um caminho amplo revela-se neste acto
         de unir o medo e a convicção

         no interior desse tempo criminoso
         eu fazia o estudo dócil de uma escrita
         inocente no teu perigo a abraçar uma escuridão.




A escritora

Quando decidiu ser escritora nunca pensou ser devorada pelos livros que escrevia
A inspiração procurava o lixo em centros comerciais
Marcas de inutilidades em produtos pouco humanos
Também era presença onde a solidão dava espectáculo
Entre amigos produzidos por uma afectividade perturbada
Vestia nas melhores lojas ao preço de palavras mal empregadas
E nenhuma frase dos seus livros era peça única
Fazia combinações de pensamentos como quem preenche uma segunda via
De um documento emocional pedido num departamento criativo
Os romances trajavam a rigor de imitação
Com personagens maquilhados de inteligência publicitária
Nas sessões de autógrafos exibia o cartaz da amabilidade
Instalação orgulhosa para leitores infelizes
Que procuravam nas suas obras o entulho e o desperdício
Pormenores de vida que se liam como regra de desconforto
No jogo leve da literatura de oferta e aniversário
Os críticos literários mantinham-na em cativeiro no curral da indiferença
Longe das questões universais e das páginas do orgulho impresso
Por vezes o seu nome trazia alguma luz
Quando a forma de existir no meio intelectual
Lhe exigia custos de imagem e profundidade
Estudos ridicularizados pela gestão danosa de críticos habilidosos
Na humilhação da visibilidade negativa
Utilizando leis de improviso na magia da auto-ostentação
Escrever sobre a sua obra garantia a exposição por efeito contrário
Tornando-se objecto esplêndido a interminável mediocridade
Inocência popular julgada pelos cabeçalhos da ditadura crítica
Numa encenação débil e tendências amavelmente conflituosas
Mas ela escrevia sempre na esperança perdoável das suas qualidades
Tão dolorosamente brilhante que iluminava nos outros
O que ela nunca sentira como verdadeiro







A casa de belo-amor

Nunca uma casa destruiu tanta gente
triste e traiçoeira entre as laranjas que caem nas areias
uma máquina amarela escava feridas para ganhar dinheiro
uma pá de areia em troca por uma lata com motor
anda bem nas descidas sem precisar de ajuda
como os sonhos do pintor que pendurava os quadros todos ao contrário
e os pincéis secavam hirtos como palitos a estalar
também aqui o tempo abre fissuras para nada
entre os cães que não sabem ladrar e os cavalos que morrem na passarela
verdejante
as palavras do proprietário cresciam como ervas na cabeça dos visitantes
era esse o castigo se alguém demorasse por ali mais que o sol a morrer
as cervejas saltavam das grades frigorificas
para congelar a ilusão das conversas repetidas
a literatura era um bordel de putas com o esquema do dinheiro a dar uma de
poético
a pintura era tema proibido pela tela branca
nunca a inveja pintou tão bem em tons de desespero
um cão faria melhor se misturasse um jacto de urina na consciência de alguma cor
as meninas de belo-amor perderam-se na paisagem à volta das ruínas
onde noutros tempos nasciam flores nos vestidos de alças que cobriam os corpos
limpos
era o amor em estação de grandes descontos afectivos
amava-se a erva que provocava urdidura no coração
vinham forasteiros esfarrapados com meia dúzia de conversas como pagamento
em noites de meia idade e fodas em conjunto
à volta de um fogo artificial alimentado por achas de mentiras
tipo bonecos de palha no pavor de uma fagulha de verdade
não havia compromisso porque o lado humano da questão esguichava como sémen
sem a intenção emocional das relações românticas
e os dias eram folhas de calendário antigo
varridas pelo tempo que azedava entre as pernas cruzadas numa esplanada em
forma de espelunca
lixo solitário trazido por amigos como oferta pobre e venenosa
para a grande inauguração da arte de viver concentrada na desgraça
com sorrisos de fome a fazer lembrar vaginas mal alimentadas
usando palavras para tapar a boca à ingenuidade do negócio
a arte a ser avaliada pelo buraco do cu dos visitantes
a sala esgotada pelo inédito da situação decadente
ferramentas que não conheciam a noção de trabalho
o velho pintor a posar ao lado da sua romana impaciente
de olhar combinado numa provável simpatia com a perversidade do momento
o que lhe passava pela cabeça é uma máquina registadora
com empréstimos de amizade a pagar com juros de infidelidade
nunca a integridade valeu menos que um quadro sem assinatura.







Imobilidade

O tempo é a esperança dos inactivos
uma cadeira de baloiço onde o pensamento adormece
atravessava os dias como se enchesse sacos de paciência
preciosidades existenciais para servir de cultura aos amigos
colecções de ódios sobre a mesa da discórdia
as razões que reclamava para si eram tão válidas como antiguidades falsas
tudo estava avariado na sua mente de relógio
os amigos escutavam-no na posição do ponteiro grande dos minutos
à volta das palavras que aprisionavam a temática da vida e do amor
sem a noção do tempo que os outros demoravam para desacreditar tudo o que ele dizia
não por medo mas por respeito pelo calendário das ideias apresentadas
muitas mentiras a brilhar nas folhas que protegiam do calor o pátio em ruínas
o sorriso da água a ouvir-se no silêncio de quem o escutavaa
verdade voava dali para fora num alívio de liberdade
tão pura como as aves que pousavam desconfiadas nos ramos da sabedoria humana
e ele falava para que o tempo fugisse com ele para sempre
porque seria o tempo o transporte da sua imobilidade crónica
o grande mestre da loucura que ele representava
em sessões de rotinas para criar tonturas nos dias que passamc
omo uma doença dizia ele como uma doença
chegavam os amigos e rodeavam-no com perguntas sobre o tempo
jovens mulheres com o ciclo do juízo atrasado
encantadas por verificar que o tempo é uma mente sem corpo
e depois sentiam-se abstractas e dominadas pelo artifício da lição
os corpos expostos numa expectativa burlesca
o tempo que ele sempre imaginara a ganhar forma humana
porque o tempo que marca as fases da sua vida são os outros
prisioneiros a serem amarrados com palavras num sufoco de atenção
nem esperança nem tempo numa cadeira de morte
em face dos seus esquemas de empreendedor em acções imaginárias
e o tempo a adormecer-lhe o corpo se um dia a sua mente o abandonasse.









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