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viernes, 4 de mayo de 2012

6779.- LUÍS MIGUEL NAVA






Luís Miguel Nava
Luís Miguel de Oliveira Perry Nava (Viseu, 29 de septiembre de 1957 — Bruselas, 10 de mayo de 1995) fue un escritor y poeta portugués.
Fue considerado una de las revelaciones más importantes en la poesía portuguesa de la década de 1980. Su primer libro fue publicado en 1974 y se titulaba Perdão da Puberdade, que el autor nunca incluyó en su bibliografía. En 1975, conoció a Eugénio de Andrade y decidió destruir todo lo que había escrito hasta entonces, lo que explica esta no inclusión.
En 1978 recibió el Premio Revelación de la Asociación Portuguesa de Escritores con la obra Películas, editada en 1979. En 1980, terminó la licenciatura en Filología Románica en la Facultad de Letras de la Universidad Clásica de Lisboa. Entre 1981 y 1983 fue asistente en esa misma Facultad.
En 1983, partió para la ciudad de Oxford como lector de portugués y, tras pasar tres años allí, realizó una oposiciones para traductor de la entonces Comunidad Económica Europea. Ganó las oposiciones y se instaló en Bruselas en 1986, donde murió asesinado en 1995.

Obra poética
Películas. Lisboa: Livraria Moraes Editores (1979) (Premio Revelación de la Asociación Portuguesa de Escritores, 1978)
Inércia da Deserção. Lisboa: &Etc. (1981)
Como Alguém Disse. Lisboa: Contexto (1982)
Rebentação. Lisboa: &Etc. (1984)
Poemas. Porto: Limiar (1987) (reedición conjunta de los libros anteriores)
O Céu sob as Entranhas. Porto: Limiar (1989)
Vulcão. Lisboa: Quetzal (1994)
Poesía Completa 1979-1994. Lisboa: Publicações Dom Quixote (2002), organizado y postfacio de Gastão Cruz y prefacio de Fernando Pinto do Amaral

Ensayos
O Pão, a Culpa, a Escrita e Outros Textos. Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda (1982)
A Poesia de Francisco Rodrigues Lobo. Lisboa: Editorial Comunicação, 1985 (1985)
O Essencial sobre Eugénio de Andrade Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda (1987)
Ensaios reunidos. Lisboa: Assírio e Alvim (2004), con prefacio de Carlos Mendes de Sousa

Otros trabajos
Fue responsable de la Antologia da Poesia Portuguesa 1960-1990 (1991), editada en Bélgica bajo los auspicios de Europália.



LUÍS MIGUEL NAVA


Assoam-se-me à alma, quem
como eu traz desfraldado o coração sabe o que querem
dizer estas palavras.
A pele serve de céu ao coração.








Atirávamos pedras
à água para o silêncio vir à tona.
O mundo, que os sentidos tonificam,
surgia-nos então todo enterrado
na nossa própria carne, envolto
por vezes em ferozes transparências
que as pedras acirravam
sem outro intuito além do de extraírem
às águas o silêncio que as unia.





Falésias

Poder-me-ão encontrar, trago um rapaz na minha
memória, a casa a uma janela
da qual o faço vir como um sabor à boca,
falésias onde o aguardo à hora do crepúsculo.

Regresso assim ao mar de que não posso
falar sem recorrer ao fogo e as tempestades
ao longe multiplicam-nos os passos.
Onde eu não sonhe a solidão fá-lo por mim.






Paisagem citadina

A pele por fulgurantes
instantes muitas vezes abre-se até onde
seria impensável que exercesse
com tão grande rigor o seu domínio.

Não temos então dela senão rápidas
visões, onde os reclames
do coração se cruzam, solitários
e agrestes, reflectidos

por trás nos ossos empedrados.
Em certas posições vêem-se as cordas
do nosso espírito esticadas num terraço.

A roupa dói-nos porque, embora
nos cubra a pele, é dentro
do espírito que estão os tecidos amarrados.


Teatro

Na selva dos meus órgãos, sobre a qual foi desde sempre a pele o
firmamento, ao coração coube o papel de rei da criação. Ignoro de que
peça é todo este meu corpo a encenação perversa, onde se vê o sangue
rebentar contra os rochedos. Do inferno, aonde às vezes o sol vai buscar
as chamas, sobre ele impediosamente jorram os projectores.










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