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miércoles, 16 de mayo de 2012

7020.- MARIANA IANELLI



Mariana Ianelli. Poeta brasileña. Nació en 1979 en la ciudad de São Paulo. Además es periodista, Profesora de literatura y crítica literaria. Sus libros de poemas son: Trajetória de antes (1999),Duas Chagas (2001), Passagens (2003), Fazer Silêncio (2005) e Almádena (2007), todos publicados en editora Iluminuras. Colabora con reseñas para el Diario O Globo – Prosa&Verso (RJ) e Rascunho (PR).




Fénix

Agótame hasta el hueso,
Pero no ahora, no todavía.
Déjame que antes yo repita
La historia de antiguas religiones
Y que ejercite mi fe,
Aunque Dios no exista.

Arráncame lo que poseo
Antes de que vengan los otros
Y que tu fuerza me sotierre
Bajo un montón de cenizas.
Hazme libre de preguntas,
Como si nada más pudiera ya ser dicho.

Dame el abrazo del adiós
A la hora que me ha sido prometida.
Yo habré retornado a mi origen,
Sellando en el misterio el indicio de la partida,
La cabeza deshabitada de nubes,
Las llagas calladas en cicatrices.

(Traducción de Martín Palacio Gamboa;
de su Antología bilingüe de la poesía
contemporánea brasileña,
Los trazos de Pandora)



Fênix

Esgota-me até o osso,
Mas não agora, não ainda.
Deixa-me que antes eu repita
A história de antigas religiões
E que eu exercite minha fé,
Mesmo que Deus não exista.

Arranca-me o que possuo
Antes que venham os outros
E que tua força me soterre
Sob um monte de cinzas.
Faz-me livre de perguntas,
Como se nada mais pudesse ser dito.

Dá-me o abraço do adeus
Na hora que me foi prometida.
Eu terei retornado à minha origem,
Selando em mistério o indício da partida,
A cabeça despovoada de nuvens,
As chagas caladas em cicatrizes.




FILHOS DO FOGO

Não foi o cansaço da jornada
Que de novo nessa noite nos venceu,
Mas um sofrimento antigo, igual a sempre,
A realidade com sua mão espadaúda
Juntando a poeira de uns castelos demolidos,
De tudo extraindo o que sobra de nosso, afinal:
O irreversível.

Cultivamos rituais silenciosos,
Temos dentro de nós a alma do mundo.
Fomos feitos para a solidão,
A mesma que sente um animal
Ao largar o seu rebanho
E esperar a morte suavemente
Numa longa tarde de chuva em Gibeon.

Damos calor às coisas enquanto é tempo
E mais tempo há enquanto estamos mudos.
Gozamos um amor tranqüilo, sem heroísmo.
Assim acontece certas vezes, por espanto:
De um golpe, o infinito nos apanha.

               De Fazer Silêncio (2005)




Pietà

Por delicadeza
Devia cada um resolver seu vestígio,
Não deixar o corpo a esmo,
Atravessado na passagem,
Sem desejo, sem enigma.

Mas se me fica o teu corpo
Eu te arrepanho nos braços
Com a maternidade do ofício
E lavo os teus ombros
De quanto pesou sobre eles,
O teu sexo, que a nenhum afago responde,
Lavo os teus pés, o ato mais santo.

Eu te arremato, eu te limpo da vida,
Faço com que desapareças,
Que o teu equívoco me abasteça
Da razão dos humildes.

Fardo ensoalhado, esse,
De amparar o meu próprio destino.






Canto de Ofício

A cada dia, por ser hoje,
Eu te agradeço.
Por esse quarto à meia luz
E outros mundos,
Por esse gosto de amêndoa
E outros prazeres.

Quem quer que sejas tu
E onde estiveres,
Sob qualquer face
Que me apareças,
Assim é.

Pela incerteza essencial
Sobre mim mesma,
E estas palavras
Desde há pouco sem proveito,
Entranha, mistério, vereda
- Eu agradeço.

A cada noite inaugural
E derradeira,
Que me sustém
Não menos que o suficiente,
Bendito o fruto, o sal, o chão
E este silêncio.

Fundo de ravina o meu lugar,
Se já não creio.
Alto de um monte, se resisto.
E descrendo, resistindo,
Eu agradeço.

Que me possua o antro
Dos meus edifícios,
Como a pedra ordinária
É possuída
Por sóis e luas
Em seu tempo de maré.

Que eu me refaça
De quanto tenha desistido
Como a dizimação de um povo
No testemunho dos vivos.

E que eu envelheça
Par a par com esta casa,
Debaixo do musgo e da poeira,
O corpo palpitando ainda,
Mas num insensível batimento.

Por tudo o que se eleva
Numa onda
Logo se quebrando
Junto à espuma,
Pelo que no adeus se perpetua,
Sim, louvado seja.

Embora muito fique por saber
Das letras e dos números,
E tanto por dizer
Sobre o mal e a loucura,
Embora o rosto penso,
O grito, os pés inúteis.

Quão breve o momento
E quão vasto seu milagre.
Os favores da pele,
O céu de um poema,
A benção do pão e da água.

A benção, apesar
Do irremediável olho cego,
Das almas perseguidas
E do aborto solitário.

Porque aqui se chega,
A este dia e a esta luz
E é tão raro aceitá-lo.
Porque daqui se vai.

O adágio,
A flor do ourives,
O vermelho da China,
Um giro de bailarina,
Graças a ti, todas as artes.

Por esse vinho
E seus quinze outonos.
Pelo descanso da terra.
Por essa terra.








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